segunda-feira, 9 de maio de 2016

Cachimbeiro ostentação?! - Um artigo do meu amigo e confrade Osmario Oliveira!




Muito embora eu reconheça que vou tratar aqui de um ponto sensível para alguns, a ideia deste tópico me pareceu pertinente diante das conversas que tive com colegas nos últimos dias.

Já disse em outra oportunidade que formamos uma verdadeira comunidade ao redor dos temas: cachimbos e tabacos. A propósito, uma comunidade que cresce no contrafluxo das novas políticas que subtraem a nossa liberdade de escolha (bem, esse mérito fica para outro tópico).

Mas, enfim, nesta comunidade que formamos não temos só apreciadores, mas também colecionadores. Seja de cachimbos, seja de tabacos, sejam ambos!

Para alguns, o cachimbo é apenas – e tão somente – um instrumento cuja finalidade é possibilitar o fumo do tabaco – problema algum há nisso. Já, para outros, o cachimbo é um objeto especial que tem um fim em si, tal como uma obra de arte e, além disso, com o plus de possibilitar o fumo do tabaco.

Logo se percebe que há nestas duas visões uma perspectiva de valor absolutamente distinta. Para o primeiro, o cachimbo é valioso enquanto simplesmente cumpre a sua função; para o segundo grupo, o cachimbo tem um valor próprio, mesmo que jamais venha a ser utilizado.

Onde quero chegar com essa divisão? Pois bem (e agora vou sair de cima do muro), vou defender aqui os colecionadores. E esta defesa se dá porque, não raro, tenho verificado certo rancor de confrades diante de posts com tabaco ou cachimbos caros (geralmente, importados).

O que faz do apreciador – o fumante de cachimbo – um colecionador?  A grande quantidade de cachimbos que possui? O preço desses cachimbos? Provavelmente não.

É óbvio que, para iniciar uma coleção, é preciso ter mais de um. Mas, o que verdadeiramente faz de um número X de cachimbos ou tabacos se tornar uma coleção é o valor conferido a cada unidade pela pessoa que a adquiriu.

Notem: não disse preço, mas valor!

O que faz um cachimbo ser valioso para o colecionador não é propriamente a sua função – que é a mesma em todos os cachimbos – mas, por exemplo, a sua estética, o modo de sua fabricação, a quantidade de horas que demorou a ser feito, a escassez do material, a data de fabricação, o limite de uma edição, quem o produziu, a quem ele pertenceu anteriormente etc. (enfim, são infinitas as variáveis).

Talvez muitos fumantes de cachimbo ainda não se deram conta de que não são apenas apreciadores, mas também colecionadores – já que uma coisa não impede a outra! Pois bem, se você escolhe seus cachimbos por um modelo em específico, ou por uma série específica de um fabricante, pode começar a se perguntar... Mas eu respondo: você é um colecionador, muito provavelmente!

Mas é aqui que vem o pulo do gato: quando nos tornamos colecionadores, nada mais natural do que buscar sempre por algo mais difícil, mais minucioso, isto é, mais raro. Ocorre que, no mais das vezes, o preço também acompanha o grau dessa exclusividade, muito embora, ainda seja possível fazer negócios excelentes...

Ainda assim, o importante – como eu disse – não é o preço e, sim, o valor! E, uma vez que o cachimbo troca de mãos, o valor passa a ser determinado pelo seu novo dono. Isto se percebe pelo capricho que ele dedica à peça (no uso, na limpeza, no acondicionamento).

Colecionadores de cachimbo geralmente têm muito orgulho das peças que conseguiram acumular. Nada mais prazeroso para um colecionador do que contar como conseguiu adquirir uma peça, seja na tabacaria mais chique, seja no mercado de pulgas. O fato é o seguinte: ele sempre estará pronto para contar a história a respeito de onde ele conseguiu; o porquê daquele formato; os cuidados que requer; uma curiosidade sobre a marca etc.

A partir daí, fica muito fácil perceber que uma coleção tem o poder de unir pessoas – e é esse o grande “barato” de ter manter uma coleção. Ora, é natural que coisas diferentes despertem interesse e curiosidade; e isto vale tanto entre grandes entusiastas, como para atentos amadores.

Assim, ao explicar o “como” – como adquiriu; como faz para fumar; como se cuida; como essa ou aquela característica altera a dinâmica da fumada – não significa que o colecionador está ostentando, mas simplesmente compartilhando com outras pessoas algo que lhe é muito precioso; detalhes que, para ele, são muito importantes (e daí?).

Esta mesma pessoa poderia ser egoísta e esconder do mundo as suas experiências e o conhecimento que adquiriu a partir delas. Mas, pelo contrário, ela prefere compartilhar! E assim o faz, apesar de estar consciente do sobrepeso de alguns olhares e da maledicência de algumas línguas (hoje, teclados).


O colecionador compartilha de forma genuína! E a preocupação com eventuais estereótipos (tipo cachimbeiro ostentação) é muito menor do que o prazer de dividir – com quem realmente está interessado – as suas experiências ricas em detalhes, mantendo acesa a chama que nos une dentro de um simples fornilho.

Osmario Oliveira

***

In spite of the fact that I recognize that I will touch in a sore point for some, the idea of this topic seems relevant, in view of the conversations I had with some colleagues in recent days.

I've already said on another occasion that we are a true community around the issues, smoking pipes and tobaccos. By the way, a community that grows in the counterflow of new politics that take away our freedom of choice (well, this merit is for another topic).

But anyway, in this community that we form, there are not only pipe smokers, but also collectors. Pipe collectors, tobacco collectors, or both!

For some, the pipe is just a tool whose purpose is to enable the act of smoking tobacco - there's no problem on it. However, for other folks, the pipe is a special object that has an end in itself, as a masterpiece of art and, moreover, with the plus of be an instrument that allow a certain way of smoking the tobacco.

So you realize that there are two points of view. Each one, on an absolutely different perspective of value. For the first group, the pipe is valuable while it simply fulfills its function. For the second group, the pipe has its own value, even if it will never come to be used to smoke.

You may be asking whats the point within this division. Well (and now I must choose the side of the fence I belong), I will defend here collectors. And this statement is because, very often, I have found some colleagues resentful with posts which content has some rare or expensive tobacco or pipes (usually imported).

But, what makes the pipe smoker a collector? A lot of pipes you have? The price of those? Probably not.

Obviously, to start a collection, you must have more than one. But what truly makes a number of pipes or tobacco become a real collection is the value of each unit by the person who purchased it.

Attention: did not say price, but the value!

What makes a pipe to be valuable for the collector is not exactly its function - which is the same for all pipes - but, for example, its aesthetics, the way of manufacture, the amount of hours it took to be done , the scarcity of material, the date of manufacture, the limit of an edition, who has produced it, whom he formerly belonged etc. (In short, they are endless variables).

Perhaps many pipe smokers did not realized that he can be not only a person who enjoys the pipe smoking act, but also, a collector - as one thing does not exclude the other! Well, if you choose their pipes for a specific model, or a specific series of a manufacturer, you can begin to wonder ... But I say: you are a collector, most likely!

But here comes the key part: when we become collectors, nothing more natural than search for something harder, singular, I mean, rare. It happens that, in most cases, the price also gets higher with the exclusivity degree, although, it is still possible to make excellent business...

Still, the important thing - as I said - is not the price, but the value! And, once the pipe exchange the hands, it's value will be determined by its new owner. This can be identified by the care he dedicated the piece (on it's use, cleaning or storage).

Pipe collectors usually are very proud of their pieces. Nothing more pleasurable to a collector than tell how managed to get a pipe. Doesn't matter if it was at the most upscale pipe shop, either on a flea market. The fact is: he'll be always ready to tell the story about how he got it; why it has this or that shape; the care it require; a curiosity about the brand etc.

From this point, it is very easy to see that a collection has the power to unite people - and this is the great aspect about having a collection. It's absolutely natural that different things arouse interest and curiosity; and this is true both among large experienced enthusiasts, as even with attentive amateurs.

Consequently, to explain the "how's" - how the collector acquired the pipe; as how it does for smoking; how care it takes; as how this or that feature changes the smoking dynamics - It does not mean that the collector is showing off, but simply sharing with others something that is very precious to him; details that, for him, are very important (so what?).

This same person could be selfish and hide from the world their experiences and knowledge he acquired from them. But, instead, he prefers to share! And so he does, despite being aware about the envy it can generate at some people.

The collector is the person who genuinely shares his knowledge! And the concern about stereotypes (like pipe smoker poser) is much smaller than the pleasure of sharing - with who is really interested - his rich experiences in details, keeping the alive the ember that unite us into a simple bowl.

PS: sorry about my english guys. Any doubts I'll be glad to answer.


My best regards!

12 comentários:

  1. Concordo em parte o que seu artigo esta transmitindo!!
    Mas já ouve casos membros (não todos mas alguns tais colecionadores aqui no seu artigo citados)descriminar sutilmente,um outro confrade porque esta usando um tabaco de marca inferior nacional e um cachimbo de marca nacional!! Até ai exibir seus cachimbos e tabacos importados esta tudo bem! Mas chegar e esculachar de forma deselegante quem tem ou não tem condições de ter cachimbos e tabacos de marcas famosas não esta certo!! Isso sim pra mim é ostentação discriminativa e não esta certo!! Eu tenho cachimbos e tabacos de marca popular nacionais e também importados de marcas famosas! Mas isso não me da o direito de chegar e discriminar o outro por ter ou não ter condições de ter a chamadas marcas famosas!! É só uma opinião que tenho a respeito confrade!!
    Tenha um bom dia!!

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    1. Olá confrade, seja bem-vindo! O texto não é meu, é do confrade Osmario! Mas concordo com o amigo, o respeito e a educação sempre devem prevalecer em nossas relações. Também sou contra qualquer forma de discriminação!

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  2. Belo artigo!

    A propósito, os tabacos nacionais são bons, medianos ou inutilizáveis?

    Os cachimbos nacionais são muito bons, notadamente e especificamente os da Bertoldi. Isso é indiscutível!

    Boas cachimbadas e vida que segue!

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    1. Olá confrade, isso é muito de gosto, eu considero o tabaco nacional candido giovanella mediano, tem o hi tobacco que está lançando uma linha própria para cachimbo e estou colocando esperança que sejam bons!

      Em relação aos cachimbos nacionais, infelizmente recomendo um cachimbo importado usado do que um novo nacional. O briar deles são bons, mas o encaixe da piteira sempre acaba rachando em dois anos. Digo com experiência de quem já teve vários.

      Mas isso é minha opinião.

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  3. Errata : onde onde conta "especificamente" leia - se "especificadamente"

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  4. Errata : onde onde conta "especificamente" leia - se "especificadamente"

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  5. Belo artigo!

    A propósito, os tabacos nacionais são bons, medianos ou inutilizáveis?

    Os cachimbos nacionais são muito bons, notadamente e especificamente os da Bertoldi. Isso é indiscutível!

    Boas cachimbadas e vida que segue!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Parabéns pelo artigo confrade Osmario Oliveira!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Ótimo ponto, confrade.
    Eu me considero um colecionador tb, e acho inevitável um apaixonado não se tornar colecionador. Outra coisa inevitável é encontrarmos esnobes uma vez ou outra... mas isso é do ser humano, em todas áreas.
    Mas, mesmo enquanto colecionador, nunca comprei um cachimbo extremamente caro... Não tenho nenhum Dunhill por exemplo ou coisa parecida. Fico mais na linha popular ou média das boas marcas. E também já parei de comprar, após notar que já tenho uns 30 cachimbos e o quanto gastei na coleção toda. Entretanto, continuo estimando muito meus cachimbos e sempre olhando os modelos novos em sites de lojas... algum dia ainda vou comprar mais algum... inevitável hehehe...
    Abraço!

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    1. Perfeitas colocações confrade! Ultimamente também penso em comprar mais tabaco do que cachimbo. :)

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