quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Da série: Cachimbeiros de Verdade com o confrade Alex Agrico

Prezados confrades, retomando a série Cachimbeiros de Verdade, entrevisto o confrade amigo Alex Agrico, um dos confrades que tenho muito apreço, primeiro por divulgar nobremente a nossa arte e segundo, pelo conhecimento que foi adquirindo, sendo hoje, na minha opinião, um grande conhecedor da nobre arte! Não o conheço pessoalmente, mas venho acompanhando o seu blog há mais de ano e posso afirmar, pelo que vi, que ele é um cachimbeiro de verdade! Motivo pelo qual o convidei!

Agradeço, desde já, ao confrade, por ter prontamente aceito o convite e pela ótima entrevista, muito obrigado! 

Destaco que o confrade Alex vive no Canadá, fato este que nos fornece (ou pode fornecer) outra visão, outro ângulo de se ver e de viver a nobre arte do cachimbo. Abaixo, a brilhante entrevista! Apreciem sem moderação!!!!heheheheh


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Entrevista, transcrita, in verbis.




1. Confrade,  como conheceu a nobre arte? Se possível, relate sua primeira cachimbada, como foi?

Foi desastrosa, confrade! Hahaha! Até uns três anos atrás, eu só havia fumado charutos, mas algo me dizia que eu deveria experimentar cachimbos. Entrei numa dessas tabacarias que vendem mais cigarro e quinquilharias (com poucas e ruins opções para cachimbeiros)  e adquiri um autêntico e péssimo corncob chinês, e um saquinho de Vanilla Cream da Mac Baren. Fumei rápido, quente, o fornilho ensopou e notei até que o tal cachimbinho nem tinha fundo! Era só um papel! Apesar de tudo isso, gostei do sabor e do aroma da mistura. Depois de algumas pesquisas na internet, vi onde tinha errado e, a partir daí, comecei o meu aprendizado e paixão pelos cachimbos e tabacos.

2. Sei que o amigo é um apaixonado pelos corn cob? Nos descreva o porque dessa paixão; e qual seria seu corn cob preferido.

Pois bem, confrade, depois da minha terrível experiência com um corncob de baixíssima qualidade, comecei a usar briars mas, como ainda era inexperiente, sempre havia muita condensação e "gargarejo" no fornilho. Daí eu li que os corncobs seriam melhores nesse sentido e passei a usar dos bons (da Missouri Meerschaum), e realmente, notei uma melhora. Claro que o problema não eram os cachimbos, mas sim o cachimbeiro hehehe! Depois que aprendi a cachimbar, notei que tanto briars quanto corcobs são bons materiais, mas mantive uma certa preferência pelos corncobs por serem mais baratos, rústicos, práticos, podendo ser facilmente substituídos, não precisando de limpeza e realmente fumarem mais frio e seco -  pelo menos aqueles com fornilhos naturais, sem nenhum acabamento externo. Eu, pessoalmente, os considero melhores para cachimbadas informais e rapidinhas do dia-a-dia. Tenho dois modelos preferidos - ambos da Missouri Meerschaum: o MacArthur (para cachimbadas bem longas) e o Missouri Pride, para cachimbadas curtas, e diria que ele é o modelo de cachimbo que eu mais uso no geral.

3. Agora falando um pouco dos cachimbos de briar,  tem algum favorito?

Sim, confrade. Mas não seria apenas um, e sim uma classe deles. Embora muitos cachimbeiros considerem os "System" da Peterson e também da Savinelli como "propaganda enganosa", eles são os meus briars favoritos. Mas aqui vai algo que pode vir de encontro ao que os confrades "céticos" dizem: eu não atribuo a minha preferência por eles ao "sistema" que usam, mas sim ao conjunto geral da obra. São geralmente cachimbos maiores e de alta qualidade, e isso garante a minha preferência por eles - porque funcionam muito bem e são belíssimos. Talvez, os mesmos cachimbos, sem o design interno especial, sejam tão bons quanto são com o tal design. Dois outros modelos pelos quais me apaixonei ultimamente são o Author e o Canadian, ótimos cachimbos, grandes e confortáveis. E na série Baronet Bruyére da Savinelli, tem inclusive preços acessíveis.

4. De todos os tabacos que provaste, quais são seus preferidos?

Como o confrade bem sabe, sou fã incondicional das misturas inglesas latakiadas (e balcãnicas), e meus tabacos preferidos pertencem a tal classe. Também prefiro os tabacos bem incorpados. Mas, minha lista não é nada original e nem surpreendente. Citaria a Margate, a Odyssey, a Nightcap e a Balkan Sasieni. Agora, a minha mistura preferida dentre todas é a Billy Budd, da Cornell & Diehl, que é uma MI latakiada com folhas de charuto, bastante encorpada, e forte em todos os sentidos. Se eu souber que vou ficar numa ilha deserta para sempre e puder levar um barril de alguma mistura, sem dúvida alguma, seria a Billy Budd. Outra mistura, um tanto "moderna" e um "crossover" que também gosto bastante é a Sextant da GL Pease. Para variar, também gosto da Navy Flake da Samuel Gawith. Virgínias puros e VaPers eu fumo muito pouco e por isso não me atrevo a listar preferidos.

5. Sei que o confrade mora no Canadá,  como é ser um cachimbeiro nesse país?

Eu diria que mesmo aqui é uma coisa "exótica", confrade. Mesmo aqui, com tanta tradição britânica, quase ninguém fuma cachimbo. É um hábito bastante anacrônico e incomum, apesar do pequeno renascimento da arte, que tem ocorrido nos últimos anos. Exceto por dois ou três velhinhos que eu vi cachimbando pelas ruas, ninguém faz isso, e todos se surpreendem ao saber que eu sou cachimbeiro, e me olham com cara de surpresa e curiosidade. Mas, de forma alguma há qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Quanto a isso, posso afirmar com total certeza. Existe sim, uma certa "má vontade" contra fumantes em geral, dada a histeria mundial contra o tabaco e atual "cultura da saúde". Mas nada especificamente contra cachimbeiros. E há uma vantagem: embora aqui os impostos sobre o tabaco também sejam altos, ainda é bem mais barato fumar coisa boa do que no Brasil, e o acesso é facílimo e há infinitas opções em cachimbos e tabacos, especialmente via Estados Unidos.

6. O amigo tem um blog (Paixão em baforadas), maravilhoso! Conte como surgiu essa idéia de criar o blog, e como é manter um blog tão atualizado? Aproveite  e indique o endereço eletrônico para que os confrades possam visitar o blog.

Mais uma vez, muito obrigado pela gentileza, confrade. O blog surgiu do simples desejo de partilhar com outros confrades o meu aprendizado no universo cachimbeiro. Nos primeiros posts, eu sabia muito pouco, e minhas colocações são claramente de iniciante. Ainda não sei muito, mas já sei muito mais do que no começo, e meus posts refletem tal evolução. O blog serve como um registro de como erramos, acertamos e progredimos naquilo que nos inspira e nos cativa. E também como fazemos amigos ao longo do caminho! Não o mantenho tão atualizado como gostaria, pois nem sempre tenho algo a dizer, mas tudo o que tenho, está lá. O endereço é http://latakio.blogspot.ca/

7. Isqueiro ou fósforo?  Caso tenha predileção por isqueiros,  qual seu modelo preferido?

Isqueros, confrade. Eu sei que os fósforos são mais indicados, mas eu prefiro o que é mais prático. Meu modelo preferido é o "Old Boy" (de qualquer fabricante) pois a chama é suave e bem direcionada - além do estilão tradicional que eu adoro. Mas, no dia-a-dia, acabo usando mesmo os humildes Bic, porque são ainda mais práticos, apesar de não serem especiais para cachimbos, obviamente. Com treino, podemos usá-los sem risco de dano ao fornilho.

8. Como o confrade traduziria o ato de cachimbar?

Sem pretensão poética, diria que é um ato de prazerosa e saborosa introspecção e contemplação. Um encontro consigo mesmo, seja para reflexão ou mero silêncio, daquele tipo que nos faz ver a beleza da existência em sua plenitude, e do modo mais surpreendente e verdadeiro, que é através da simplicidade e da serenidade. Claro que isso pode ser feito sem um cachimbo nas mãos, mas ele é um companheiro e um ajudante nesses momentos. E muito bem-vindo!

9. Sei que já tomei muito o seu tempo. Para finalizar, poderia dirigir algumas palavras aos cachimbeiro que estão iniciando nessa arte? Algumas dicas?

Sim, confrade. Com base na minha experiência (ainda pequena mas já útil) e meus erros, eu diria aos iniciantes que só cachimbem nos momentos certos, quando há tempo e condições propícias, com calma e tranquilidade. A partir daí, aprende-se com mais facilidade a entender os cachimbos, os tabacos, a nós mesmos e a tão nobre arte.

Agradeço ao confrade por ter aceito o convite prontamente. Fiquei muito feliz e agradeço a maravilhosa entrevista.

Confrade, o prazer e honra são todos meus em ser entrevistado por você, e saber que tal entrevista estará publicada no seu blog, que é tão interessante, didático e já virou referência entre muitos cachimbeiros. Muito obrigado também, e um grande abraço a você e a todos nossos confrades que estão nos lendo.
***
Espero que tenham apreciado, eu gostei demais!!! Já estou convidando mais um confrade, aguardem!
Um abraço e excelentes cachimbadas!!!

2 comentários:

  1. Olá confrade,
    Mais uma vez, venho expressar a minha satisfação em poder participar aqui no seu blog deste novo modo (entrevista). E também agradecer pelo convite.
    Grande abraço,
    Alex

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    Respostas
    1. Bom dia confrade!!! Para mim é motivo de satisfação saber que o amigo faz parte da nobre confraria do cachimbo, sempre divulgando-a e elevando-a em seu blog. Bem como sempre solicito e disposto a ajudar os novos e os experientes, simbolizando com maestria o espírito que deve reinar na nossa arte! Então, para mim é um prazer ter o amigo aqui!!! E eu que agradeço por ter prontamente aceito o convite! ;)

      Um abraço e excelentes cachimbadas!!!

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